De volta ao
Coritiba após passagem em vários clubes, Keirrison tem status de ídolo na
torcida coxa branca. Não é pra menos, ainda mais depois da artilharia do
brasileirão em 2008. “K9” foi e continua sendo um jogador muito importante para
o Coritiba. Após duas lesões seguidas no joelho, clube e torcida precisaram ter
calma e esperar o tempo de recuperação do atleta. Agora, totalmente recuperado,
ele vêm se firmando aos poucos e mostrando o porquê é tão admirado e amado por
tantos torcedores e fãs.
Em
entrevista exclusiva ao nosso blog, Keirrison falou do seu início de carreira,
no Mato Grosso do Sul, de sua passagem pelo Barcelona e Palmeiras, artilharia e
títulos no Coritiba, projeções e expectativas para o futuro, lesões, entre
muitos outros assuntos
Karoline
Mokfianski: Como foi o
início da sua carreira? Passou por muitas dificuldades?
Keirrison: Meu início de
carreira foi com 5 anos de idade. Morava em Mato Grosso do Sul, na cidade de
Tangara da Serra. Meu pai tinha uma escolinha, a partir disso sabia que futebol
seria minha vida. Dificuldades todos nós vamos ter. Não que desejamos, mas isso
faz parte de nossas vidas. Tive sim e vou contar uma história rápida. Quando
tinha meus oito anos, meu pai e minha mãe estavam desempregados e não tínhamos
o que comer, nem dinheiro para pagar o aluguel da casa que estávamos morando. Meu
pai me chamou e fomos juntos em uma agricultura de uma tia, para buscarmos
alguns legumes, saladas e mandioca para comermos por um tempo. Enfim, isso me
marcou, mas Deus abençoou minha família e meu pai, depois de alguns dias,
conseguiu emprego.
K.M.: Você veio da base do CENE para o Coritiba, onde
foi vice-artilheiro da Copa São Paulo de 2006, artilheiro dos estaduais de 2006
e 2007, artilheiro do Coritiba na Série B de 2007, craque e artilheiro do
Paranaense de 2008, ano em que chegou a marca de 41 gols. Além da artilharia do
Brasileirão em 2008. Qual a importância que esse início vitorioso e cheio de
conquistas teve na sua carreira?
K.: Desde que saí de
Mato Grosso do Sul, tinha em mente que era a hora de mudar a vida da minha família.
Um mês antes de ir para o Coritiba, eu iria parar de jogar futebol e ia
estudar, por não ter oportunidades de mostrar meu futebol fora do meu Estado.
Mas surgiu a oportunidade de vim para o Coritiba e fiquei muito feliz. Queria
somente uma oportunidade e o Coxa me deu essa oportunidade, mudou a minha história
e de toda a minha família. Graças a Deus as coisas foram acontecendo, fruto do
meu trabalho e menos de uns sete meses já estava no profissional, com apenas 17
anos. Com isso, foi acontecendo e em 2007 foi o ano da confirmação. O clube
estava em uma situação ruim e juntos com meus companheiros e com os torcedores
colocamos o Coritiba onde não deveria e não deve sair que é a série A do
Campeonato Brasileiro. Em 2008 foi ano muito especial e de muita expectativa. Comecei
a temporada muito bem, fomos Campeões pelo Campeonato Paranaense, vencendo o Atlético
Paranaense na casa deles. E em seguida iria iniciar o Campeonato Brasileiro. Tive
uma lesão na posterior da coxa esquerda já na primeira partida e fiquei nove
jogos fora, mas retornei muito bem e consegui, junto com meus companheiros, um ótimo
campeonato e fui muito feliz no final do ano, alcançando essas marcas de gols.
K.M.: Em 2008 você foi artilheiro do Brasileirão pelo Coritiba e,
por isso, carrega o status de ídolo da torcida até hoje. Qual o peso disso hoje
para a sua carreira? A pressão é maior por ser o ''K9''?
K.: Agradeço muito o
carinho que sempre os torcedores coxas-brancas têm por mim. Não acredito que
isso é um peso, isso pra mim e um privilégio. Um menino que saiu de Mato Grosso
do Sul, com vários sonhos, sozinho, para uma cidade grande como Curitiba e
ainda conseguiu conquistar o que conquistou... É mais que especial o carinho
das pessoas, isso realmente e uma honra pra mim. A pressão no futebol sempre
existirá, por tudo que você faz e fará, sempre tem que estar melhor.
K.M.: Depois que saiu do Coritiba e da passagem pelo
Palmeiras, você não conseguiu se firmar tão bem em nenhum clube. Isso pesou
muito?
K.: Na minha passagem
pelo Palmeiras foi muito bom, gostaria sim de tido conquistado o Paulista e a
Libertadores, porque tínhamos todas as condições, mas não aconteceu. Mas
individualmente consegui marcas importantes de gols e bons jogos. Com isso fui
contratado pelo Barcelona. Não digo que exista peso, mas gostaria sim de tido
mais tempo para me adaptar e mostrar meu futebol na Europa.
K.M.: E com as lesões seguidas no joelho, pensou em
desistir em algum momento?
K.: Em desistir não,
mas na minha ultima lesão, eu cheguei ao meu limite. A preocupação por não
saber se realmente conseguiria voltar mesmo a jogar futebol. Por mais difícil
que ainda seja, estou muito feliz pela minha evolução.
K.M.: Como você lida com as críticas e a pressão que a torcida faz
sobre você?
K.: Em relação às
criticas, cada uma tem a sua opinião. Nenhum desses que criticam estão no meu
dia a dia, não sabem o que faço para estar 100% em campo. Eu respeito, mas não
aceito quando faltam com respeito. Enfim a minha história dentro do futebol e
principalmente dentro do Coritiba é muito maior que qualquer crítica de alguma
pessoa.
K.M.: Qual foi a importância do Coritiba e de seus fãs
nesses momentos difíceis?
K.: O Coritiba é minha
vida, minha casa, minha família. Sou grato mesmo, não tenho palavras para
expressar o quanto agradeço ao Coritiba por tudo que fez e por tudo que faz.
Aos meus fãs, às pessoas que admiram minha pessoa, meu trabalho, também os
agradeço. O carinho deles e a força que eles transmitem em todo momento.
K.M.: Você tem um fã clube muito conhecido em uma rede
social, o Keirrishow. Como foi quando viu esse fã clube pela primeira vez? E
hoje, a page já tem mais de 5 mil curtidas. Como é isso pra você?
K.: Então, sobre o
fã-clube, tenho que agradecer a Gabriele Legroski, que me apresentou e me
enviou mensagem, explicando o carinho dela por mim. Tem mais pessoas também que
cuidam de páginas minhas com fã-clube. Quero agradecê-los também. Não me lembro
a data certa, mas eu encontrei com a Gabriele e o Daniel Legroski no Couto. Eles
disseram que queriam me encontrar para algumas fotos e que dariam um presente
pra mim. E já conhecendo o carinho deles por mim, levei de presente pra eles:
uma camisa minha autografada e outra para fazer um sorteio na página. Muito
legal, fico grato pelo carinho deles.
K.M.: Se sente totalmente realizado no futebol ou ainda almeja
mais para a sua carreira?
K.: Me sinto muito
feliz por tudo que conquistei, mas almejo grandes coisas. Vários sonhos eu já conquistei,
outros tive que esperar, mas conquistei. E outros sonhos vão vindo e vamos
organizando. Estou muito feliz de estar aqui no Coritiba, muitos objetivos aqui
e um sonho que busco que e a Seleção Brasileira e a Copa do Mundo.
K.M.: O futebol brasileiro passa por um momento não
muito fácil. Várias mudanças estão sendo pedidas. Você acha que essas mudanças
são realmente necessárias? Você acha que o movimento Bom Senso FC veio pra
realmente revolucionar e melhorar o nosso futebol?
K.: Sim, precisa de
uma revolução urgente. Sou a favor sim do Bom Senso FC.
KAROLINE MOKFIANSKI