Por Karoline Mokfianski
Reformulada, Arena da Baixada segue exigências. Foto: Karoline Mokfianski |
Tarefa fácil para a maioria da população, ir ao estádio pode ser uma
dificuldade para os 24 milhões de cadeirantes brasileiros. Leis de acessibilidade
nos estádios ajudam a assegurar o direito a esses torcedores, porém mesmo com
fiscalização das federações, obstáculos passam despercebidos.
A lei da acessibilidade garante o acesso de pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida a qualquer espaço, inclusive estádios de
futebol. Apesar de pouco lembrada, é norma também no estatuto do torcedor e
exigência das federações aos clubes para a disputa de qualquer competição
profissional.
Em Curitiba, a Federação Paranaense de Futebol (FPF) é a entidade
responsável por averiguar e fiscalizar o cumprimento da lei de acessibilidade
nos estádios. “O papel da FPF é fiscalizar os laudos de inspeções nos estádios,
cabendo ressaltar que um laudo só tem aprovação se atender às exigências e normativas
vigentes, entre as quais, as do Estatuto do Torcedor”, explicou o
vice-presidente da FPF Reginaldo Cordeiro.
Os clubes que não cumprirem com a lei podem sofrer punição, como perda
de mando de jogo, além da obrigatoriedade de adequar o estádio para que uma
nova vistoria seja feita. Os torcedores portadores de deficiência que se
sentirem lesados e não tiverem fácil acesso aos estádios devem procurar um
advogado.
“A lei de acessibilidade não se restringe apenas aos deficientes e
abrange também pessoas com mobilidade reduzida e obesos. Os estádios são
obrigados a ter ao menos 1% da capacidade total para cada “categoria”, sendo 1%
para deficientes, 1% para obesos, e assim seguindo”, explicou o advogado
desportivo Leandro Malucelli.
No futebol paranaense, clubes buscam seguir lei
A Arena da Baixada, reformulada para a Copa do Mundo de 2014, recebeu
adequações para seguir a lei de acessibilidade e tornar o acesso mais fácil.
Elevadores conduzem os torcedores a lugares específicos e adaptados, que somam
120 cadeiras, incluindo cadeiras para acompanhantes. Independente se o ingresso
adquirido pelo torcedor for mais barato, ele será realocado para o espaço
adequado e com melhor visão.
Já no Couto Pereira, as dificuldades são mais visíveis, pois há poucas
rampas e muitos degraus. Os torcedores cadeirantes têm acesso a todos os
setores do estádio, mas barreiras os impedem de fazer isso sem ajuda. No setor
geral, por exemplo, existe um local para que eles possam assistir aos jogos,
entretanto para chegar até esse local é preciso descer 10 degraus.
“Já me ofereceram lugares que muitos acham mais adequados, como o setor
Protork e outros setores das sociais, mas eu sempre gosto e prefiro ficar na
arquibancada”, declarou o torcedor coxa-branca Jairton Rocha, portador de
distrofia muscular e que frequenta o Couto Pereira mesmo em cima de uma maca.
O Ecoestádio, apesar de menor, apresenta todas as adequações, como
rampas de acesso e banheiros adaptados para cadeirantes. O torcedor cadeirante
deve entrar pelo portão do estacionamento, onde há vagas reservadas para
deficientes. Para assistir ao jogo, há uma rampa que dá acesso aos locais
destinados a esses torcedores.
“Mesmo sozinho e/ou sem carro, o cadeirante não terá nenhum problema
para o acesso, pois a locomoção dentro Ecoestádio é fácil”, contou o presidente
do JMalucelli, Juarez Malucelli.
O Paraná Clube informou, via assessoria de imprensa, que o clube conta
com “uma presença razoável de torcedores com deficiência no estádio. Eles não
pagam ingresso. O estádio possui entradas específicas para estas pessoas e eles
têm acesso livre. O local que eles ficam é o setor social”.