Torcedores devem ser beneficiados com a Liga. Foto: Karoline Mokfianski
A Liga Sul-Minas-Rio – ou Primeira Liga, como foi batizada – ainda tem detalhes incertos, mas promete mudar a gestão do futebol brasileiro. Atualmente, 15 clubes fazem parte da fundação da entidade, mas só 12 deles devem participar da primeira edição, que tem início marcado para fevereiro de 2016.
Inicialmente com o objetivo de promover a volta da extinta Copa Sul-Minas, a liga dos clubes se estendeu também ao estado carioca, onde Flamengo e Fluminense demonstraram interesse em participar da articulação, devido à um descontentamento com a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj).
Além da dupla carioca, fazem parte também da liga: América-MG, Avaí, Atlético-MG, Atlético-PR, Chapecoense, Coritiba, Criciúma, Cruzeiro, Figueirense, Internacional, Joinville, Grêmio e Paraná. Inicialmente, a ideia era que houvessem apenas 10 participantes na primeira edição. Como a versão 2015 do ranking será levada em conta, Chapecoense e América-MG também devem jogar a competição.
Ainda sem emissora oficial, a competição já despertou o interesse de redes abertas, como a Record e a Globo, e fechados, como o Esporte Interativo, que já transmite a Copa do Nordeste, outro exemplo de liga criada pelos clubes.
Jairo Silva, comentarista esportivo, acredita que as redes de televisão tendem a se beneficiar com a nova competição. “A venda de pacotes pode ser facilitada com as presenças de grandes clubes do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e de Minas Gerais. Os clubes do Paraná não oferecem tanto conteúdo pela falta de investimento na organização dos times”, afirmou o comentarista.
Com mais uma competição em nível nacional no início do ano, os estaduais tendem a perder força. Para o comentarista esportivo Gil Rocha, os clubes paranaenses erram ao desvalorizar a competição regional. “Acredito que, principalmente Atlético e Coritiba, os dois maiores times do Estado, comentem um erro em desvalorizar o Campeonato Estadual. Deveriam, pelo contrário, elevar muito um campeonato no qual eles entram como favoritos ao título”, analisou Gil Rocha.
A questão da arbitragem foi definida na última reunião dos clubes com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na quinta-feira (15). Segundo o diretor executivo da Primeira Liga, Alexandre Kalil, a estrutura deve ser a mesma existente da própria CBF, como ocorria na antiga Copa Sul-Minas. Já em casos de julgamento de infrações e indisciplina, a liga deve adotar o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), como faz a CBF.
Após a reunião, em entrevista coletiva, Kalil se mostrou satisfeito com o apoio e colaboração por parte da CBF. “O torneio está na rua e vai reunir 12 clubes em três grupos de quatro, com semifinal e final. Fomos abraçados e vamos dar os últimos passos para lançar a competição”, explicou o CEO e líder da Liga Sul-Minas-Rio.
Como o número de participantes mudou diversas vezes, foram descartadas diferentes formas de disputa. Com 12 clubes na primeira edição, a competição deve ter três grupos de quatro participantes cada, sendo um turno único dentro de cada chave, assim como deve ocorrer nas fases finais. Os melhores de cada grupo e o segundo colocado geral avançam no campeonato.
Conforme sorteio promovido pela liga juntamente com a CBF, a primeira chave – ou grupo A – na primeira edição do campeonato deve ser formada por Cruzeiro, Fluminense, Avaí e América-MG. Já no grupo B estão Grêmio, Internacional, Atlético-PR e Chapecoense. Na chave C, Flamengo, Atlético-MG, Figueirense e Coritiba completam os participantes da disputa.
A ideia da Liga Sul-Minas-Rio lembra o modelo europeu, onde há uma confederação, que cuida apenas da seleção nacional e as ligas. Nessas organizações dos clubes, são eles mesmos quem mandam, definem regulamento, fórmula de disputa e buscam patrocínios. A quantidade de datas para disputa ainda está sendo definida junto à CBF. Porém, os clubes devem levar o torneio adiante mesmo sem o aval da confederação.
O comentarista Jairo Silva, mesmo se dizendo a favor da Primeira Liga, atenta para o fato de que os clubes devem ter ainda mais problemas com desgastes de jogadores. “Creio que uma competição como esta tente a crescer se não houver oposição da CBF e das Federações. O maior problema está no calendário. No momento em que as equipes reclamam a falta de tempo para treinar, jogos e viagens seguidas, é criada uma nova competição, o que vai gerar um desgaste ainda maior”, lembrou Jairo.
Já para o comentarista Gil Rocha, a criação da liga desvaloriza o futebol regional. “Sou a favor de uma maior clareza na definição regional. Seria totalmente a favor à criação de uma Copa Sul, por exemplo. Uma Copa Sul-Minas já achava contrassenso. Quanto a Sul-Minas-Rio, que pelo visto ainda deve abranger mais clubes, eu sou contra”, explicou o comentarista.
A Federação Paranaense de Futebol (FPF) e o Atlético Paranaense não quiseram se manifestar sobre o assunto. Assim como o Coritiba, que não respondeu até o fechamento desta matéria.
Estaduais contam com baixa média de público
Um dos principais pontos levantados pelos criadores da Liga Sul-Minas-Rio é o provável aumento da média de público, diferente do que ocorre nos estaduais. Segundo os fundadores da liga, jogos contra times maiores devem gerar espetáculos melhores para os torcedores, atraindo assim mais pessoas para os estádios.
Em 2015, o Campeonato Paranaense foi a 14º competição com maior público na América do Sul, segundo levantamentos do Globo Esporte. O número passou os 3 mil pagantes por jogo, sendo que na Copa do Nordeste, exemplo de liga criada entre os clubes, esse número passou das 7 mil pessoas.

Para o comentarista esportivo Jairo Silva, a Liga Sul-Minas-Rio pode, em tese, trazer mais pessoas aos estádios, melhorando a renda dos clubes e a média de público. “Sem dúvida [a Primeira Liga] vai permitir melhor qualidade nos espetáculos. O clube precisa oferecer benefícios aos sócios torcedores, coisa que os campeonatos estaduais não conseguem, porque são jogos tecnicamente fracos. O nível técnico das partidas será melhor e isto provoca interesses dos torcedores e patrocinadores”, afirmou o comentarista.


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