Lugar de torcedor é na arquibancada? Os dirigentes parecem não concordar (Foto: Karoline Mokfianski)
O futebol brasileiro, tão acostumado com a ser consumido pela massa, pelo povão, está cada vez mais irreconhecível. Infelizmente, querem torná-lo um produto apenas da elite mundial, com ingressos a preços absurdos.
Não há como comparar o ato de entrar em um Camp Nou - um estádio cinco estrelas, segundo a União das Federações Europeias de Futebol - com um Couto Pereira, com todo o respeito ao estádio paranaense. Conforto, luxo e o espetáculo visto em campo nos separam da maioria dos estádios pelo mundo.
Cada vez mais surgem pessoas querendo tornar o futebol um produto de consumo, um espetáculo caríssimo, que só alguém com alto poder aquisitivo pode usufruir, acabando com as características nativas do futebol brasileiro.
A busca pelo dinheiro e o poder vem à frente do calor, da emoção e da paixão que demonstram as torcidas dos clubes brasileiros. O objetivo é único: ganhar dinheiro. Não querem saber os dirigentes se vivemos em um país onde a maioria é pertencente de classes mais baixas.
No domingo (06), às 17h, o Coritiba se despede de sua torcida no Couto Pereira, diante do Vasco. Sobram pedidos de apoio vindo de jogadores, comissão técnica, dirigentes. Mas o preço para ceder todo esse apoio e motivação pedidos é fora da realidade para muitos torcedores: 150 reais.
O motivo? Bom, segundo eles, "incentivar" os torcedores a se tornarem sócios e também o medo da violência, que, para eles, parece ser cometida somente por quem não tem condições de pagar um preço tão alto por um ingresso. Pelo menos é o que sugerem ao usar isso como motivo para o aumento no preço dos ingressos.
O engraçado é que não há qualquer tipo de "incentivo" para que se tornem sócios e sim uma pressão, uma tentativa de obrigar. Será que todo mundo que deseja ver o Coritiba jogar tem condições financeiras de pagar todo mês uma taxa para que possa entrar no Couto Pereira?
O Atlético parece seguir a linha do "prefiro pouca gente pagando valor alto do que muitos pagando pouco" e a diretoria do Coritiba está indo para o mesmo caminho.
Pagar 150 reais para ver uma final de Copa do Brasil no Allianz Parque com Palmeiras e Santos em campo, por exemplo, é algo considerável. Pagar 150 reais para ver dois clubes brigando contra o rebaixamento, porém, é absurdo. Claro, para quem é torcedor todo jogo é importante, até porque é seu time do coração que está em campo, mas há que se levar em conta o custo-benefício de assistir à uma partida como Coritiba e Vasco com ingressos a 150 reais.
A ideia da elitização do futebol brasileiro é simples:  quer ver seu time jogar? Pague o quanto pedimos. Não tem condições? Então fique de fora.
Triste ver o rumo que um esporte tão amado está tomando. Lugar de torcedor é no estádio. Porém os clubes parecem preferir dificultar e mudar o lema para "estádio é lugar de torcedor com alto poder aquisitivo".


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